Porque meu pai não toma leite
Alguns dias atras atras meu pai tava tomando umas marisqueiras, papiando com um amigo. O fato é que chegou numa hora que começaram a falar do passado, nesse meio tempo meu irmão pegou um copo de leite, então começou a seguinte conversa...
- Quando a gente era pequeno para poder tomar um copo de leite tínhamos que criar a vaca. Para comer um franco tinha que cria o pinto. Meu pai tinha boi no campo, mas a gente só comia carne raramente, comíamos mesmo era as partes que não vendia.
- Sabe, tomei dois grandes paus na vida, um deles foi por causa do leite, o que me fez nunca mais tomar leite.
Um dia eu ainda era piá lá com uns 11 anos, estudava cedo. Acordei e fui tomar café para ir pra escola, ninguém ainda tinha levantado, fui na geladeira, peguei o saquinho de leite e coloquei no copo e tomei, logo depois levantou minha mãe, ela foi preparar o café, abriu a geladeira e viu que eu tinha tomado o leite, logo colocou a mão na cabeça e falou: - Tu tomou o leite que tinha. Eu falei -Tinha só um restinho mãe. Ela então falou: - Só tinha aquele restinho que era para o café do teu pai, e agora que vou fazer?...
E foi assim que meu pai tomou o primeiro maior laço da vida dele, por ter tomado o leite que era para o pai dele tomar café pela manha, pois o pai dele trabalhava e ele não.
O jogo do bixo
Outra história interessante que foi comentada durante o conservatório entre meu pai e o seu amigo foi o segundo maior pau que meu pai levou.
No mesmo estilo de conversa meu pai começou a falar...
- Um dia eu resolvi ter uma bicicleta, trabalhava vendendo jornal e revista, fui montando a magrela aos poucos, toda semana comprava uma pecinha, um dia ficou pronta, trabalhei um 1 mais ou menos, finalmente completei a magrela e percebi que queria dinheiro. Acabei por vender a bici e peguei o dinheiro na mão e joguei no bicho. Fui no mercadinho, um buteco que tinha perto de casa e joguei todo o dinheiro no bicho. Joguei todo o dinheiro que ganhei da venda da magrela.
Joguei no mesmo dia que ia correr o jogo, fui para a escola depois de jogar. Quando voltei da escola passei na frente do mercadinho, e um amigo do meu pai, perguntou qual tinha sido mesmo o numero que eu tinha jogado, eu falei, tava com o bilhete na mão. Ele logo foi me falando que eu tinha ganho, entrei correndo no mercadinho para pegar o dinheiro, tava bem feliz, dei o bilhete para ele e ele falou que eu ganhei, mas não quis me dar o dinheiro porque eu era criança, falou que ia dar só para um adulto, fiquei esperando na porta do mercado pois meu pai passava todo dia ali na volta do trabalho. Quando o pai passou, fui correndo falando pra ele, pai joguei no bixo e ganhei, mas tem que ser algum adulto para pegar. Meu pai entrou no mercado, sentou no banco e pediu um trago, que ele tomava seguido lá, tomou uma, duas, três, perdi a conta, então ele pediu pra fechar a conta pagou e falou do bilhete, o dono do mercado falou que eu havia ganho, e entregou o dinheiro para meu pai, meu pai olhou para o homem e falou: - Quem ganhou foi o guri, dá o dinheiro para o guri.
O homem pegou o envelope e me entregou, o envelope chegava a ser grosso de tanto dinheiro, peguei e fui pra casa com meu pai. Em casa tentei dar o dinheiro para meu pai, para comprar coisas para a casa, mas ele foi logo me falando que não queria dinheiro nenhum, que era para mim guardar para comprar material escolar durante o ano. Fomos dormir, no outro dia fui no mercado, fiz um baita rancho, comprei de tudo, enchi uma combi de comida, lá em casa sempre tinha pouca comida pois meu pai economizava de todo lado, para a oficina que ele tinha.
Chegando em casa descarregamos a combi, mas minha mãe não gostou, ficava falando ai meu Deus, onde vou esconder tudo isso, ela colocava em todo lugar em baixo da cama no forro, escondia a comida toda, ela falava que meu pai ia me matar....
Resumindo quando meu pai chegou em casa me resultou do segundo maior pau que levei......